By Nev Sagiba
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Ao me deparar com esse material na internet ele me pareceu um tanto quanto familiar.
Foi então que me dei conta de que eu estava reconhecendo algo que surgiu da ponta da minha própria caneta (no caso, do meu teclado), que tinha sido postado mais ou menos em 2006, mas depois foi definitivamente perdido devido a uma séria pane no computador.
Foi então que pensei: sem que eu soubesse, algumas pessoas bondosas, por consideração tiveram o insight de respeitosamente republicá-lo na web. Para eles os meus agradecimentos!
Consequentemente, agora eu posso copiar e utilizá-lo novamente.
Você pode achar nele algumas informações úteis.
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O Hara – Nosso Segundo Cérebro?
Talvez exista algo mais a respeito do Hara além da “superstição oriental”.
Você sabia? Há quase tantos neurônios espalhados na região intestinal como no cérebro?
Eu arriscaria um palpite de que eles não estão lá apenas “esperando pelo próximo ônibus”, mas servindo a propósitos vitais. Investigações de ponta consideradas “controversas”, também sugerem que o coquetel de peptídeos formado na região é responsável pelo humor e contribui para a química envolvida nas funções efetoras / receptoras e as respostas físicas imediatas.
É mesmo? Eu achava que eles estavam apenas encostados, ’porque não tinham nada melhor a fazer’. Controverso? Por quê? Porque eles não se adequam a um pacote conceitual elaborado por algum teórico sedentário de jaleco? Especulações e noções preconcebidas rigidamente calcificadas não vencem as situações de sobrevivência, nem contribuem para as descobertas, a evolução ou atingem qualquer valor construtivo! Os fatos sim.
Apesar de tudo, a flexibilidade estratégica previsível que pode ser testada e baseada na observação e experiência ao longo de eras pode ter algum mérito. O combate, assim como as práticas denominadas meditação, na verdade todas as habilidades ou competências são tão ciência como são artes. O que funciona, funciona porque funciona. Não devido a uma opinião. Após testes e ensaio, pesquisas e desenvolvimento durante muitos séculos, certas predisposições despontam como incontestáveis, apesar das teorias e idéias de pseudo intelectuais míopes.
No final das contas talvez exista mais do que “superstição oriental” no HARA.
O HARA, um ponto de referência do corpo que pode ser usado como a sede do “fluxo mental”, pode ser mais do que apenas uma âncora para a mente ou um ponto de foco no momento exato da prática de uma atividade física. Na verdade, ele entra em ação quando o corpo físico está em atividade interagindo com variados aspectos da gravidade. Mas ele também pode contribuir para os processos que possibilitam a vida, a mobilidade, a sensibilidade e também a consciência.
Considera se que o ponto focal do HARA está situado num ponto indeterminado entre o umbigo e o topo do púbis (do osso púbico), no centro do corpo e pode abranger toda a região do plexo solar. Isso é considerado hipotético, contudo, o esquema esquelético indica a região onde a linha central faz intersecção com um ponto paralelo às vértebras lombares 4 e 5, como sendo “o centro de equilíbrio do corpo humano”. (Eu suspeito que exista um ouvido interno, um fator de equilíbrio ou alguma forma de biofeedback mental ou interno ou talvez uma conexão de meridianos, mas isso ainda necessita de mais pesquisas).
A região do plexo solar, entre outras coisas, também incorpora uma rede incomparável de nervos incluindo o plexo celíaco que é uma infraestrutura organizada de gânglios nervosos arranjados para funcionar como um centro de influência, de armazenamento de energia, de distribuição e de atividade da bioeletricidade, enquanto interage com o biomagnetismo por meio de fluidos e vasos linfáticos para produzir o suprimento de sinais para o corpo em conjunto com as adrenais, rins e outras secreções glandulares, interações e mecanismos relevantes para as reações imediatas, para a sobrevivência e para a vida.
As pessoas naturais são muito boas para perceber o óbvio. Eu acho que chamamos isso de “insight”, mas depois falamos muito, rotulamos tudo que vemos e nos vemos perdidos em um emaranhado que nossa mente faz, de uma complexidade que frequentemente é desnecessária e irrelevante, muitas das quais inventadas pela irracionalidade da “racionalização”, com a qual a natureza não se preocupa. Com muita freqüência ouço homens mal compostos em seus ternos tentando sufocar um debate válido usando frases vazias tais como: “complexo”, “sem evidência” (baseada em uma definição restrita da palavra evidência) ou “anedótico” e outras palavras de um jargão sem sentido para ofuscar uma discussão válida e sufocar a pesquisa. Essa atitude egoísta não acrescenta nenhum valor. Em princípio, talvez as coisas não sejam tão complexas como alguns gostariam, ou falte a capacidade mental para compreender. Os detalhes e efeitos colaterais podem sempre ser analisados depois. E, “sem evidência” é exatamente igual a, nada com que se vangloriar. A natureza lida com fatos, não com idéias. O sol “nasce” e “se põe” INDEPENDENTE DE NOSSAS OPINIÕES. Assim como todos os outros processos que mantêm o universo coeso. A natureza faz muito bem sua gestão sem os “experts”. Minha sugestão é desatar esse nó. Está comprovado que isso restringe o fluxo de sangue para o cérebro.
Porque antigos guerreiros e monges (usando suas roupas soltas e confortáveis, com boa circulação e pensamento lúcido) escolheram essa região do corpo como um centro de foco mental para a meditação? Não acho que eles tenham inventado isso arbitrariamente porque estivessem entediados num domingo. Evidentemente é razoável supor que ELES PERCEBIAM ALGO DE VALOR.
Se você já competiu como atleta deve ter percebido a tensão, a ansiedade, o nervosismo precedente ao evento denominado de “rush adrenal”, assim como o relaxamento, o alívio, etc... posterior ao evento, tudo isso evidencia uma “resposta abdominal”, que não é diferente de quando se fala em público, em atuações, ou em outras tarefas sociais sejam elas obrigatórias ou voluntárias que nos testam e nos desafiam, tais como exames, etc..., sem mencionar um ataque agressivo real.
Nós interpretamos isso como “pressão” ou “stress”, mas trata se de uma função natural. Incisivamente, todos esses tipos de desafios estimulam automática e involuntariamente esse mecanismo via sistema nervoso simpático e acionam músculos, glândulas etc. especialmente os que estão conectados às regiões cervical, torácica, lombar e sacral da coluna espinal, inclui também os ligados ao cérebro, em particular o sistema límbico e o tronco encefálico uma vez que estão relacionados às emoções básicas que emergem, por exemplo, nas situações de fuga ou luta pela sobrevivência, etc...
No treino do Aikido, ativamos essa dinâmica consciente e intencionalmente de uma forma simples, que não apenas proporciona uma resposta positiva, mas também coloca você no controle de forma clara e perceptível e não sob stress, na medida em que você aprende a tornar se mais calmo e centrado independentemente das influências externas. Por exemplo, liberamos a respiração (ao passo que a maioria das pessoas segura a respiração quando “sob stress”) e algumas vezes fazemos uso da imaginação, imaginamos que nossos braços e pernas começam no hara enquanto movemos o corpo e a mente de forma unificada e coordenada numa inter-relação harmoniosa com o fluxo e a dinâmica energética.
Uma vez que na realidade o corpo e a mente são inseparáveis, tal visualização pode ajudar os processos naturais pré-existentes. Quase imediatamente a diferença é notada na maneira com que nos movemos e sentimos. O hara imediatamente integra a respiração e equilibra cada momento de maneira funcionalmente integrada e relacionada à sobrevivência. A mente, o corpo e as emoções funcionam como em uma sinfonia sob a direção de uma mente superconsciente ativada de acordo com a necessidade do momento em que você precisa agir espontaneamente. Essa urgência se expressa mais rápido que os processos do pensamento e está geralmente acima e além do intelecto conceitual e analítico.
Portanto, no meio da ação, você não precisa tentar catalogar conscientemente e lembrar todos os pontos um por um. Pelo contrário, como muito criticava o inigualável Tohei Sensei que criou a frase... “FIQUE NO PONTO UM,” ... que significa “lembre-se” do ponto um, do hara, foque nele imediatamente, relaxe e fique “conectado”. “PESO PARA BAIXO, EXTENDA O KI...” etc. Assim talvez percebêssemos melhor outros atributos necessários como o zanshin ou maai ou apenas como de fato manter-se presente, usando a mente como um espelho. O resto virá naturalmente, eternamente e imediatamente a seu benefício, pois isso é instantaneamente computado e faz com que você atue adequadamente para o momento e circunstância, de acordo com a harmonia do universo, assim como deve ser, num lapso de milisegundo.
Cada centro de função tem seus respectivos propósitos e funcionamento. O centro da cabeça é mais voltado para calcular, computar, catalogar e conceituar, temos evoluído nesse aspecto, de maneira que tornou-se uma característica muito bem desenvolvida, embora de uma forma não muito equilibrada dada à rigidez do sistema escolar. Contudo, tenho ouvido ultimamente que estão começando a tratar as crianças como seres humanos e não como máquinas. Que bom se for isso mesmo. Já era tempo. O centro do coração é, entre outras coisas, o que equilibra o pensamento e a ação, a fonte da harmonia e da responsabilidade, a essência que reconcilia os opostos. Em grande parte, todos os nossos centros internos estão além da nossa manipulação consciente. E nos tornando mais conscientes deles e de suas funções através de exercícios projetados para extrair e despertar nosso conhecimento sobre nós mesmos, nos tornamos mais vivazes, felizes, equilibrados e funcionalmente dinâmicos. Os três centros principais sempre agem em sincronia e consenso durante cada momento da vida. Dependendo da circunstância, um irá predominar ou ter papel dominante enquanto os outros assistem. E.g., o centro da cabeça irá predominar quando estivermos sentados estudando, lendo etc. Quando estivermos em atividade física, praticando um esporte, defesa pessoal, trabalhando, numa luta, numa emergência etc., irá predominar o hara, especialmente se sua capacidade for exigida numa condição de urgência ou perigo. Se estivermos aqui nos próximos milhões de anos, provavelmente o centro do coração irá dominar todas as nossas atividades, mas no momento ele prevalece em pessoas mais humanas e compassivas, mesmo em animais selvagens ele vem à tona ainda que momentaneamente durante os momentos mais calorosos, de intimidade, proximidade e compartilhamento com os que são considerados próximos, tais como os que são de seu bando, horda, tribo ou família.
A respiração, o equilíbrio, o relaxamento e o conhecimento da consciência do HARA são vitais. Tenho a impressão de que os “fluidos” que nossos corpos produzem e que naturalmente nos fazem sentir para cima, para baixo, felizes, tristes e tudo dentre os quais a capacidade de consciência, sentimento, ação, sono, pensamento, respostas imediatas e muito mais, estão relacionados a um complexo mecanismo vibratório (Kototama, incluindo o Hito Jinja), um autêntico instrumento receptor e transmissor que se comunica com todo o universo e suas infinitas dimensões.
Ao descobrir e vivenciar todas as suas próprias qualidades através de uma disciplina regular e pessoalmente motivada, você se recupera. AO SE RECUPERAR VOCÊ SE FORTALECE e fica imune à manipulação externa.
Com base nisso, todos podemos dizer: “Eu sou o universo!” E mais ainda se cuidarmos continua e adequadamente para o despertar do nosso corpo-mente unificado, clareando e destilando o valor de nossa existência através do misogi e do shugyo com o treino regular do Caminho ou Do.
Algumas Pesquisas Emergentes para Confirmação e outras
Think Twice: How the Gut’s “Second Brain” Influences Mood and Well-Being
Tantra and Taoism – On their Essential Nature and Relation
Understanding Your Gut Feelings
Is Your Navel Powerful?
Hara Meditation
Agradecimentos a Janet Rosen que corretamente disse, “Não apenas os neurônios. Conhecidos há muitos anos, há liberações de neurotransmissores pelos Sistema GI independente do controle do sistema nervoso central..”
Mais para os interessados:
The Enteric Nervous System
Biochemistry of Neurotransmitters and Nerve Transmission
Brain Explorer – Neurological Control – Neurotransmitters
[PDF] Anatomy Review: Digestive System
[PDF] Sympathetic & Parasympathetic Nervous System
FONTE:
http://www.aikikai.org.br/artigos.php?indice=797
